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terça-feira, 15 de março de 2011

Saudade

No dia 25 de janeiro passado, a Igreja Triunfante se alegrou em receber um filho santo, que sempre buscou viver a Palavra de Deus e que se dedicou a anunciá-la. A Igreja Peregrina ficou sem um de seus mais bravos e entusiastas servidores: deixou-nos o Pe. Jesus Bringas Trueba, aos 76 anos, após um período de enfermidade e sofrimento, porém, sem nunca perder a fortaleza de espírito, a serenidade, testemunhando sua fé e eterno ardor missionário. O texto que escreveu antes de deixar o Brasil, bem reflete sua disposição de ânimo frente à doença:

“Tudo na vida tem seu sentido, mas é preciso encontrá-lo. Este é um tempo de fechar, para que possa vir o crescimento. Durante esse tempo de doença, tive grandes transformações e experiências. Entrei mais vitalmente no mundo da dor. Isso me identificou um pouco mais com Cristo Sofredor e com a solidariedade daqueles que sofrem. O Senhor, entre outras graças, está me proporcionando a de experimentar a fragilidade e a dependência humana. A fragilidade do homem nos é revelada por Deus, que se faz criança, pobre, frágil e dependente, mas aberto ao infinito. Essa minha fragilidade foi sustentada pelo dom da Fortaleza.
Também, o Senhor me presenteou com o dom de entender e saborear a Sagrada Escritura. E, sobretudo, de vivenciar mais o significado da expressão: Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do Universo.
Quero agradecer, de verdade, tantas demonstrações de carinho, de ternura e amor. Além de vossas pessoas, experimentei o amor de Deus e Maria, amando-me em vocês.”

Dificilmente, alguém que o tenha encontrado, ficou indiferente a ele. Sua riqueza cultural, sua incessante busca de informação e imediato compartilhar, o brilho único no olhar, quando alguém entrava em sua sala – e ali sempre havia um livro, um texto, uma música para mostrar ou um jeito novo, que alguém descreveu, para confortar a alma, o coração e ampliar o entendimento – fizeram dele uma pessoa ímpar, pois toda sua sabedoria era acompanhada de grande humildade e de um amor imenso a Deus, a Maria e à Igreja.
Para os que conviveram com ele mais de perto, fica muito presente a sua energia e vigor, o tom da voz, as expressões de riso, a maneira simples como aprofundava os assuntos mais complicados, as famosas historinhas que iluminavam sempre um conteúdo mais difícil, seu carisma e dom missionário.
Ardoroso pregador, dizia que deveríamos ter o mesmo amor extremado pela Palavra, como temos pela Eucaristia: “Assim como temos muito cuidado de não profanar a Eucaristia e se cai um pedaço, recolhe-se com muito jeito, que não se perca pedaços da Escritura, para que não caia no chão. Na multiplicação dos pães sobraram doze cestos, que foram recolhidos para que nada se perdesse. Então, em cada missa, teríamos que falar: recolham os pedaços dos distraídos, dos ausentes no corpo e na alma; que não se perca nada – e guardem-nos para outra ocasião”.
Impossível não nos entristecermos com sua partida; contudo, a firme certeza de que sua ressurreição se completou e que já está face a face com o Pai, consola-nos o coração.
“O olho humano nunca viu o que Deus tem destinado àqueles que se fizeram um com o Cristo, nas dores e nas alegrias”.



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